terça-feira, 26 de maio de 2009

Métodos usados em meu trabalho



Correntes da educação e sua dinâmica baseados na música e ritmo













Émile Jacques Dalcroze (1865-1950)

Dalcroze, austríaco, professor de música, arte dramática e compositor; percebeu em seus alunos de conservatório a dificuldade em coordenar a informação e execução da música, então formulou o modo e técnica de ensino, propôs a iniciação auditiva e rítmica (que compreende basicamente sistemas musculares), estipulando o corpo como instrumento primordial para a assimilação da música em questão. A partir destas observações e experiências, criou a "rítmica", um método de educação global que baseia-se no ritmo musical, vivido corpórea e sensorial pelo indivíduo; este sistema visa desenvolver e harmonizar as funções motrizes e regularizar as funções corporais no tempo e no espaço. A partir disso, desenvolveu o método de coordenação musical com movimentos corporais, a "eurritmia".


Os objetivos gerais e específicos do método desenvolvido por Dalcroze seriam: educação das capacidades perceptivas e expressivas do ser humano;harmonização do indivíduo consigo mesmo e com seus impulsos naturais; integração de cada um ao seu ambiente social; possibilitar a criação de uma consciência rítmica; intensificar a audição e harmonização interiores; e desenvolver o perfeito equilíbrio entre os centros nervosos e o dinamismo corporal.


Para a elaboração do método, são utilizados alguns exercícios, sendo eles:


Exercícios preliminares:


Andar com música, procurando reproduzir as frases musicais, seus acentos, seus diminuendos e crescendos, suas variações de dinâmica;


Em um segundo momento, após vivenciar os elementos musicais, o aluno passa a utilizar o espaço, gestos improvisados ou convencionais;

A prática de marcar o compasso com as mãos, enquanto os pés executam outros movimentos, desenvolvendo a coordenação rítmico-motora;

A aprendizagem do canto ou o uso da voz como fator de desenvolvimento da atividade respiratória e muscular.


Exercícios posteriores:


Práticas de exercícios que desenvolvam a flexibilidade, a plasticidade, a energia, a leveza, corrigindo possíveis anomalias respiratórias, musculares ou posturais inadequadas;


Exercícios em grupos que possibilitem a capacidade da expressão criadora;


Domínio temporal e espacial do movimento, execução de exercícios no espaço;


Domínio rítmico-musical por meio de práticas que levam ao conhecimento da notação dos ritmos, sua leitura, construção, favorecendo, ainda, o desempenho dos movimentos.


Carl Off (1895-1982)


Compositor alemão (obra: Carmina Burana), que percebeu desde sua infância o seu jeito e sensibilidade, favorecida devido ao local e cultura a qual era descendente, para os contos de fadas, mitos e teatro de bonecos. Deu grande importância aos elementos rítmicos, sempre através do piano e instrumentos de percussão.


Acreditava que da mesma forma que a criança pode falar antes de saber escrever, havia um potencial em aprender a música antes de saber sua teoria. Baseou-se também no método de Dalcroze em relação às expressões corporais necessárias ao aprendizado, que acabou sendo aplicada à Educação Física, por ter sido professor desta cadeira em uma escola, através da ginástica e dança moderna.


Sua abordagem educacional: fala, ritmo e movimento. Estes aspectos representam seu tripé educacional, que deve partir de experiências simples que permitem a introdução teórica da música, ou seja, dizia que para entender o que é ritmo, primeiro deve-se experimentá-lo através do andar, saltar, correr, trotar, etc, e as fórmulas rítmicas vivenciadas são reproduzidas através de palmas, golpeando o chão com o pé, no peito ou em qualquer parte do corpo.


Suas orquestras de instrumentos complementares utilizados na educação musical, partia do próprio uso do corpo como elemento sonoro e musical, instrumentos de percussão, sinetas, xilofones, metalafones, tambores, tímpanos, pratos e triângulos. Cada instrumento proporcionava um tipo de som, timbres variados e melódicos, sempre sendo fáceis de tocar e muito bem explorados por cada aluno.


Outros métodos:


Método de influência verbal


No método de influência verbal, leva-se em conta as experiências pessoais do técnico, que são transpassados através de explicação, conversa, comando, indicação corretiva, análise verbal, avaliação entre outros aspectos discutidos.


Métodos de influência demonstrativa


Divide-se em três grupos principais:


1 - Demonstrativos visuais: apresentação da ação motora (limitação), demonstração de materiais didáticos ( através de vídeos, cartazes ou fotos possibilita ao indivíduo a percepção do meio como forma de soluções motoras) e orientação visual (ajuda a executar corretamente o movimento no espaço e no tempo com pontos visuais de referência).


2 - Demonstrativos auditivos: utilização de pontos sonoros de referência, proporcionando a assimilação do ritmo e ações motoras, sempre com acompanhamento musical.


3 - Demonstrativos motores: visam a organização da percepção pelo indivíduo das sensações vindas do aparelho motor, sempre com demonstrações do movimento perfeito comparado com o imperfeito.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Instrumento corporal, uma prática da terapia musical



O corpo humano é o instrumento mais completo em todas as suas dimensões. Além disso, é a origem dos instrumentos musicais, já que estes são simplesmente uma prolongação dele.
Entretanto, o corpo humano não cumpre com todas as exigências de um objeto intermediário (instrumento de comunicação capaz de atuar terapeuticamente sobre pacientes mediante a relação, sem desencadear estado de alarma intensos). Sabemos que o corpo pode despertar situações e ansiedades de alarma que podem fugir ou entrar em pânico a certos tipos de pacientes.
Porém, na aplicação em certas neuroses do tipo obsessivo, pode ser um meio direto de desbloqueio. A utilização no começo deve ser a distância, evitando contato corpo-a-corpo, mediante o palmeio, o sapateado, palmas sobre coxas, estimulando o eco rítmico, as perguntas e respostas instintivas.
Lentamente pode-se palmear sobre a palma do paciente, porém este contato rítmico se deve fazer com grande conhecimento da dinâmica do paciente.
De todos os fenomenos sonoros do corpo humano, o mais profundo é constituído da voz e o canto.
A voz e o canto são elementos mais regressivo e ressonantes, e por isso, devem ser usados com muito cuidado. Estão ligados ao ISO (identidade sonora do indivíduo) e são uma ampla tela de projeção dos complexos não verbais do paciente em sua evolução.
A criação instrumental. Estão nesta classificação os instrumentos criados, fabricados ou improvisados pelos pacientes.
Estes instrumentos tem grande poder de objeto intermediário e facilitante, pode-se converter em objeto integrador dentro de um grupo.
Dentro de uma instituição, o musicista pode favorecer enormemente a fabricação de tais instrumentos e coadjuvantes mutuamente à terapia e seus objetivos.
Não se pode falar de um ou outro instrumento, pois o uso dependerá fundamentalmente de cada paciente.
Neste tipo de tarefa exige-se um certo nível do paciente e um certo tempo de processo terapêutico, porém uma vez que se consegue o trabalho, com o instrumento criado, enriquece-se notavelmente a comunicação.

"Uma das experiências mais marcantes que tive dentro de uma unidade do CAPS, foi de um paciente ainda jovem, 19 anos.
Durante os ensaios do coral, ele ficava sempre num canto, usava um lenço para cobrir a boca. Convidei-o para fazer parte do grupo algumas vezes (sempre com a orientação da psicóloga que me acompanhava durante os ensaios), mas não aceitou.
Um dia antes do ensaio, perguntei a ele de qual banda musical ele mais gostava. Prontamente ele mencionou "Skank".
Não tive dúvidas. Quando voltei na semana seguinte, trouxe um cd da banda e coloquei a música "Vou Deixar"...a vida me levar, pra onde ela quiser, seguir a direção, de uma nuvem qualquer....
Distribui a letra para todos os integrantes. Notei a surpresa e a alegria no rosto dele. De início ficou curtindo, mexendo o corpo, os braços, acompanhando a partitura ( faço de conta que não estou olhando, deixo à vontade), mas quando dei por mim, aquele lenço estava no chão, e ele que dizia que não podia cantar porque tinha um "problema" na boca e que precisava ser operado, já não existia mais.
Nessas horas, a vontade de chorar de alegria é demais, (não só minha, mas da psicóloga também), mas temos que ser fortes e agir como se nada de novo tivesse acontecido.
Não demos atenção ao lenço que ele fazia questão de mostrar, que ele usava como desculpas, e o fazia para chamar a atenção da mãe, para que ela sofresse por ele.
Desse dia em diante, ele participou de todos os ensaios, a boca já não doía mais, então não precisava mais do lenço nem da suposta cirurgia.
Foi uma vitória, vê-lo nos palcos, cantando com os amigos.
Foi uma alegria, olhar a mãe na plateia aplaudindo seu filho, que cantava para ela.

Quando você está desenvolvendo um trabalho dentro de uma instituição, um CAPS, você obrigatoriamente deve fazer parte das reuniões, com terapeutas, psicólogos, psiquiatras, atendentes...para ficar a par dos progressos ou dificuldades que os pacientes apresentam no tratamento, conhecer os problemas e o diagnóstico de cada um, discutir juntos, qual a melhor maneira de ajudá-los e seguir sempre a orientação médica".

Relação do homem com os significados emocionais da música

A música, é um tipo de código estabelecido universalmente, e por esta razão, torna-se um aspecto social, que transforma-se ou integra-se de acordo com funções estabelecidas através da construção social (incluindo a cultura específica de cada comunidade), determinando assim, grande importância ou insignificância das diversas linguagens e culturas existentes. Os grupos que adotam os mesmos parâmetros de composição musical, traduzem-na em significados comuns. Porém, existe o fator pessoal de interpretação, que se relaciona ao momento, à vivência e, principalmente, ao aspecto emocional de cada indivíduo.
Todas as formas de arte favorecem um descarregamento de inseguranças, medos, paixões e tantos outros sentimentos indefiníveis e reprimidos por falta de espaço para a expressão, especialmente, através da música. A música revela a expressividade de quem a compõe, de quem a interpreta e de quem a ouve (por empatia e interação); para haver interação, não é necessário entender de música, nem saber ler, nem cantar, nem ter cultura geral, basta ouvir.
Porém, para apreciar objetivamente a música, e melhor utilizá-la, é necessário conhecer os elementos que a definem. Quanto maior o conhecimento, maior o ganho

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ESQUIZOFRENIA

A doença que acomete cerca de 1% da população mundial, não é facilmente identificada. A perda de contato com a realidade é um dos principais sintomas para o diagnóstico, traçado a partir do histórico do paciente. Não há causas exatas e nem ao menos um exame laboratorial específico. O que se sabe é que a esquizofrenia é uma doença relativamente comum e que seus portadores podem experimentar mudanças na sua forma de pensar e sentir. Com isso, suas relações afetivas a sua capacidade de viver em sociedade podem ser prejudicadas.
Para muitos pesquisadores a esquizofrenia é resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Acredita-se que a hereditariedade é um fator importante, mas que o ambiente deve ser de igual forma observado. Exemplificando com gêmeos uni vitelinos, que caso um deles apresente a doença, a probabilidade de o outro também apresentar é de 60 a 70 %.
Como eles têm exatamente a mesma carga genética, se a esquizofrenia fosse determinada apenas por fatores genéticos, esta probabilidade deveria ser de 100 %. Isto demonstra que fatores psicossociais também contribuem para a determinação da esquizofrenia.

Melhor maneira de tratar:
Não é possível tratar um portador de esquizofrenia sem medicação, ainda que as doses possam ser paulatinamente diminuídas. No entanto, existem dispositivos que podem ser agregados ao tratamento que possibilitarão a reintegração mais rápida do paciente na sociedade.
A música entra como dispositivo terapêutico e ajuda a a mudar a rotina dos pacientes.

terça-feira, 12 de maio de 2009

PSICOSE

Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual existe uma "perda de contato com a realidade".

Psicose significa um estado alterado da personalidade no qual a pessoa tem sensações que não correspondem à realidade e pensamentos que fogem ao seu controle. Uma crise típica de psicose se caracteriza por alguns ou todos os seguintes sintomas:
. Alucinações auditivas, visuais ou olfativas
. Agitação, confusão, agressividade
. Não falar coisa com coisa
. Insônia e inapetência
. Sensação de que os mais diversos fatos não são coincidências mas sim que eles tem alguma coisa a ver com ela.
. Atribuição de significados diferentes a coisas reais que estão realmente acontecendo.
. Isolamento, não querer contato com ninguém, assumir um comportamento estranho.
. Pensamento bloqueado, interrompido. A pessoa parece que não consegue transmitir uma ideia até o fim.
. Desleixo com a aparência e a higiene.
. Alguns pacientes, principalmente quando a doença aparece na adolescência ficam meio pueris, superficiais, com um sorriso inadequado.
. Pode aparecer subitamente ou aos poucos.
Os psicóticos quando não estão em crise, zelam pelo seu bem estar, alimentam-se, evitam machucar-se, tem interesse sexual, estabelecem contato com as pessoas reais. Isto tudo é indício de existência de um relacionamento com o mundo real.

O tratamento é psiquiátrico e com medicação.
A música entra como dispositivo terapêutico.

domingo, 10 de maio de 2009

NEUROSE ou ANSIEDADE E DESORDENS DEPRESSIVAS

O termo neurose, foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema nervoso".
Apesar de sua longa história, o termo "neurose" não é mais de uso comum. Os atuais sistemas de classificação abandonaram a categoria "neurose". O DSM IV ("Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders") eliminou a categoria por completo. Desordens primeiramente chamadas de neuroses agora são descritas sob os títulos de "Ansiedade e Desordens Depressivas".

É uma doença emocional, afetiva e de personalidade e acontece quando o sistema nervoso de uma pessoa reage com exagero a uma determinada experiência já vivida. Uma pessoa neurótica passa a ter reações e comportamentos diferentes: fica muito ansiosa, evita sair de casa para ir a determinados lugares, tem medo de certas situações, imagina situações que podem fazer mal, ficam deprimidos mais constantemente, são mais preocupados...enfim, uma pessoa neurótica sente tudo o que uma pessoa normal sente no seu dia-a-dia mas sempre exageradamente. Em geral uma pessoa neurótica sabe do seu problema, sofre com isso mas se sente incapaz de solucioná-lo.
O tratamento mais adequado para ajudar um paciente neurótico a lidar com esse distúrbio é a psicoterapia. A psicoterapia permite transformações profundas de personalidades e pode ser feita individualmente, em grupo, com casal, entre família e intervenção institucional.
A música entra como dispositivo terapêutico onde o paciente se expressa e interage com o mundo, se sentindo útil e aceito pela sociedade.

CAPS-Centro de Atenção Psicossocial


São instituições brasileiras que visam à substituição dos hospitais psiquiátricos-antigos hospícios ou manicômios- e de seus métodos para cuidar de afecções psiquiátricas.
Modelo proposto na Itália, em Trieste e que está sendo adaptado no Brasil desde 1986. Consiste em um local que oferece cuidados intensivos, semi-intensivos ou não intensivos a pacientes em sofrimento psíquico diagnosticados como neuróticos graves ou psicóticos que podem já ter ou não histórico de internação e/ou tratamento.
Equipe: multi profissional constituída de psiquiatras, neurologistas, enfermeiros, farmacêuticos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, musico terapeutas, terapeutas ocupacionais, profissionais de Educação Física, técnicos de enfermagem, monitores e estagiários, entre outros profissionais.
A atenção do CAPS deve incluir ações dirigidas aos familiares e comprometer-se com a construção dos projetos de inserção social. Devem ainda trabalhar com a ideia de gerenciamento de casos, personalizando o projeto de cada paciente na unidade e fora dela e desenvolver atividades para a permanência diária no serviço.
Os projetos terapêuticos dos CAPS devem ser singulares, respeitando-se diferenças regionais, contribuições técnicas dos integrantes de sua equipe, iniciativas locais de familiares e usuários e articulações intersetoriais que potencializem suas ações. O CAPS deve, ainda, considerar o cuidado intra, inter, e transubjetivo, articulando recursos de natureza clínica, incluindo medicamentos, de moradia, de trabalho, de lazer, de previdência e outros, através do cuidado clínico oportuno e programas de reabilitação psicossocial.

A melhor maneira de tratar:

Não é possível tratar o paciente sem medicação, ainda que as doses possam ser paulatinamente diminuídas. No entanto, existem dispositivos que podem ser agregados ao tratamento que possibilitarão a sua reintegração mais rápida na sociedade.
As oficinas de artes, teatro, pintura, trabalhos manuais, artesanato, costura, culinária, música, etc... são dispositivos terapêuticos imprescindíveis.

Musica
A aproximação com a arte, com a música é natural. O sujeito vem porque gosta de música, gosta de tocar, de cantar e isso já permite o tratamento. É claro que esse dispositivo terapêutico não substitui os outros. A arte, vista inicialmente como um complemento mudou a rotina desses pacientes.
Nas oficinas de arte a iniciativa é do paciente. Ele escolhe o que gosta e quer fazer e esse dispositivo atende a uma necessidade real.
Dessa maneira o paciente pode se expressar, interagir com o mundo, se sentir útil e aceito. Há algo que eles sabem fazer bem. Então escolhe as atividades com as quais tem mais afinidade e descobre e mostra seus talentos.

Fui convidada para fazer uma oficina de canto e coral no CAPS de Araraquara, e a aproximação com os pacientes foi uma experiência maravilhosa.
O Grupo Musical CAPS SHOW iniciou suas apresentações em 2006 e revolucionou a vida dos seus integrantes.