Uma das características mais fascinantes do cérebro humano é a capacidade de abrigar habilidades impressionantes e deficiências na mesma pessoa.
O programa de Tv da CBS ( 60 minutos ) apresentou há tempos atrás a história fantástica do menino de 8 anos Rex Lewis que mora em Los Angeles.
O garoto nasceu com um tumor no cérebro e aos 4 meses de idade os médicos descobriram que ele era cego. Não aprendeu a andar nem falar como as outras crianças e tornou-se autista com hipersensibilidade nas mãos. Até hoje não consegue ter uma conversação elementar.
O pai lhe deu de presente um teclado quando fez aniversário de 2 anos. O teclado foi uma descoberta inesperada. Tocar nas teclas parecia que o transportava para outro mundo. No primeiro dia começou batendo com as mãos nas teclas de qualquer maneira, mas aos poucos ia tocando corretamente em cada tecla e ficava fascinado com cada som que escutava, contava sua mãe.
Tocar era a primeira coisa que ele queria fazer logo pela manhã. Passava horas e horas distraindo-se e prestando atenção às notas que saiam de cada tecla e não demorou muito para tocar de ouvido alguns trechos de canções.
A mãe pediu ao diretor de música de sua igreja que ensinasse alguns conceitos musicais a Rex e o garoto aprendeu rapidamente as escalas musicais. Aos poucos também conseguiu melhorar sua coordenação motora.
O professor de Rex conta que no estágio atual consegue tocar parte de uma obra de Schubert após tê-la ouvido pouquíssimas vezes.
Não obstante ele não consegue se vestir sozinho, a mãe tem que guiá-lo quando anda, dizendo para ele ir ora para a esquerda ora para a direita, mesmo assim ainda erra a direção. Na escola para crianças especiais não consegue aprender os conceitos mais simples.
O repórter da CBS fez um teste com ele, cantando uma canção que o garoto não conhecia; imediatamente o garoto a reproduziu corretamente no teclado.
Alguns cientistas acreditam que todos nós podemos desenvolver habilidades excepcionais, mas por algum motivo isso não acontece.
Outros acreditam que umas partes do cérebro se desenvolvem mais para compensar a deficiência de outra e o resultado são esses paradoxos como é o caso do menino Rex.
De qualquer maneira a música foi fundamental na vida dele.
Esse caso do menino Rex, me reporta ao passado. Antes de iniciar um programa socio-cultural com pessoas com deficiências, assisti a uma reportagem que contava a história de um menino autista. O pai um conceito cientista japones, cujo maior sonho era poder se comunicar com o filho, tentou todos os caminhos, consultou os mais renomados médicos, mas de nada adiantou.
Um dia passeando com o filho pelo parque, ficou surpreso ao ouvir o menino assoviar, reproduzindo o canto de um pássaro. No outro dia repetiu o passeio e novamente o garoto assoviou, imitando o canto de vários pássaros, mas quando chegava em casa, o menino voltava ao próprio mundo.
O pai então comprou vários discos, com cantos de pássaros e o menino ouvia fascinado, reproduzindo os sons corretamente.
Certo dia o pai conduziu o filho ao piano que se encontrava na sala. O garoto começou batendo nas teclas de qualquer maneira, até que descobriu o som de cada uma delas. Passou a bater mais lentamente, prestando atenção em cada som.
Com o passar do tempo o menino passou a tocar músicas que não eram conhecidas. O pai então começou a gravar o que o filho tocava, e depois colocava para que ele ouvisse. E assim foi, até que o pai convidou um maestro amigo da família para ouvir o que o menino compunha. O músico ficou maravilhado ao perceber, que o menino estava compondo uma peça inteira, que os trechos que o pai gravava eram sequenciais. E foi através da música que o menino começou a se desenvolver, a fazer parte do mundo familiar e social.
O menino cresceu e se tornou um dos maiores compositores da música erudita do japão.
A partir dessa reportagem, decidi que me dedicaria de corpo e alma ao projeto de inclusão e integração das pessoas com deficiências no mundo mágico das artes.
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