terça-feira, 11 de novembro de 2008

PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO


O Grupo Integrar foi o primeiro grupo de teatro formado por Portadores de Necessidades Especiais em Araraquara. Com a peça "Cinderela Brasileira" pronta, entramos com o pedido de agendamento na Secretaria de Cultura de Araraquara para estrearmos no Teatro Municipal da cidade. Pensamos na satisfação e orgulho dessas Pessoinhas tão Especiais que ensaiaram e deram vida aos personagens de maneira responsável e profissional.

Mas não contávamos com o preconceito e discriminação que iríamos enfrentar.

O Teatro Municipal nos foi negado!

"Não, o palco do teatro só pode receber atores profissionais e famosos! Não podemos ceder o teatro para amadores! Aliás, não temos datas disponíveis!!"

Tentamos argumentar, verificamos a agenda e constatamos que várias datas estavam disponíveis. ERA PURO PRECONCEITO!!!!

Iniciamos uma guerra contra a Prefeitura . Foram várias discussões na Câmara Municipal, onde encontramos apoio de muitos vereadores que solidários abriram uma discussão ferrenha com a então Secretária de Cultura. O fato se tornou público, e os jornais davam cobertura total. Todos os dias havia uma nova matéria publicada , e a guerra continuava.

A Escola entrou com uma Ação Civil Pública contra a prefeitura. Motivo: Recusa do Teatro Municipal de Araraquara em agendar uma data para que o Centro Educacional e Cultural Toque pudesse apresentar a peça Cinderela Brasileira encenada por alunos portadores de deficiências físicas e mentais em dezembro de 1998.

A peça estreou no Teatro do Sesi, no dia 7 de dezembro de 1998. Os ingressos esgotaram em menos de uma hora. Atendendo aos pedidos da mídia, estendemos a apresentação por mais 3 dias. Foi um sucesso.

No ano seguinte, nossa agenda estava completa. Viajamos com a peça em todo estado de São Paulo, várias cidades de Minas Gerais e para o Rio de Janeiro, onde nos apresentamos no Projac- Rede Globo de Televisão atendendo ao convite pessoal da Xuxa para o programa Cantinho Excepcionalmente Lindo.

O Grupo se apresentou em todas as escolas públicas e particulares da cidade, onde fomos recebidos com todas as honras recebendo aplausos durante 15 minutos dos alunos, professores, diretores e convidados.

A partir daí, nunca mais nos foi negado o Teatro Municipal ou qualquer outro espaço.

Mostramos que todos são capazes, não importa a deficiência. O que interessa é mostrar o talento e perseverança de cada um. Precisamos dar oportunidades antes de criticar ou negar.

Sou briguenta sim. Isso foi só o início. Até hoje luto contra o preconceito e discriminação, de raça, cor, religião, etc.

Nós podemos fazer a diferença, com paciência, carinho, dedicação e amor pela causa!!!


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